Ora, pois! Jornalista português critica o esporte adaptado e protagoniza a maior polêmica dos Jogos Paralímpicos
Joaquim Vieira disse que competições da Rio 2016 são “espetáculo grotesco”
Rio 2016|Do R7
Uma postagem do jornalista português Joaquim Vieira sobre os Jogos Paralímpicos tem causado enorme indignação nas redes sociais. Em meio à disputa da Rio 2016, o diretor da RTP (Rádio e Televisão de Portugal) usou o Facebook para fazer duras críticas ao esporte adaptado que, segundo ele, é “um espetáculo grotesco”. A frase foi o pavio para o estouro de uma bomba.
“Sou só eu a achar que os Jogos Paralímpicos são um espetáculo grotesco, um número de circo para gáudio dos que não possuem deficiência, apenas para preencher a agenda do politicamente correto?”, escreveu o jornalista em sua página na rede social.
“Olimpíada só há uma e, como já disse, destinam-se a premiar os melhores da raça humana, homens e mulheres, em cada modalidade. Os Jogos Paralímpicos, sinceramente, não sei a que se destinam. Lamento desiludir muita gente, mas há só um Usain Bolt e um Michael Phelps. Não existe o Usain Bolt nem o Michael Phelps dos Paralímpicos. Por muito que alguns nos queiram convencer do contrário”, completou.
Desde então, a declaração polêmica de Vieira repercutiu nas redes sociais e na imprensa internacional como rastilho de pólvora e Vieira passou a ser achincalhado por seus seguidores. Alguns cordiais, outros ameaçadores.
“Vamos acreditar que o Sr. Joaquim Vieira não está em pleno das suas capacidades e faculdades mentais. O seu comentário foi um insulto gratuito. Os Jogos Olímpicos seriam um espectáculo melhor por qual motivo? Pelos praticantes serem pessoas, ditas, normais?! Isto é pensar pequeno, Sr. Vieira”, comentou o internauta Pedro Silva.
Já outras reações não foram tão polidas com relação à opinião do jornalista português. Pelo próprio Facebook, Vieira tentou se explicar e disse que recebeu “diversas ameaças de morte”, além do que entendeu se tratar de “pragas sobre os familiares mais próximos”.
“Esclareço que o que considero ridículo (sinónimo de grotesco, mas talvez com conotação menos depreciativa) é a equiparação que se faz entre Jogos Paralímpicos e Jogos Olímpicos. Sou totalmente a favor da inclusão e dos direitos dos menos capacitados e entendo mesmo que nesse terreno ainda existe muita coisa por fazer e reivindicar, designadamente quanto à vida cotidiana. Aceito também que tenham a ambição de enveredar por práticas desportivas, assim como de entrar em competição. A minha crítica dirige-se ao espectáculo montado com os Jogos Paralímpicos e não aos que neles participam”, escreveu.
Diante da repercussão negativa, o jornalista encerrou o debate postando fotos do cientista Stephen Hawking e do violinista Itzhak Perlman, ícones em suas áreas e que possuem deficiência. “Meus modelos de superação pessoal. Eles não participam em nenhuma competição criada apenas para pessoas da sua condição física”, finalizou.
Andrew Parsons, presidente do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), acredita que a simples presença dos atletas em ação nos Jogos é capaz de fazer com que milhares de outras pessoas nas mesmas condições acreditem ser possível superar qualquer barreira, por maior que seja ela.
“Os Jogos Paralímpicos não são o fim, mas um passo adiante, ajudando a botar a questão da inclusão na mídia e na agenda das autoridades”, disse. “O principal legado é aquele que esperamos que se torne ainda mais impactante, que é a mudança de percepção em relação à capacidade das pessoas com deficiência. Não tenho dúvida de que o esporte é um grande agente disso.”
Os Jogos Paralímpicos Rio 2016 se encerram no próximo dia 18 quando 4.350 atletas terão mostrado ao mundo que não há limites para a deficiência.