Sem tênis, corredor percorre 30 km descalço e desafia limites na corrida

Há dois anos, José enfrentou crises fortes de enxaqueca ao passar por momentos difíceis, e a corrida apareceu como uma forma de escape. Com o frequente uso, os tênis estavam se desgastando de forma rápida. Sem dinheiro para comprar um par novo, ele decidiu que iria correr descalço. 

Na primeira prova, José fez quase dois quilômetros descalço. Ao chegar em casa, estava com 17 bolhas nos dois pés. Depois de algumas corridas, as bolhas foram sumindo. Por estar sem tênis, José precisa ficar atento com tudo o que tem no chão. O corredor contou que já entraram cacos de vidro nos pés dele cinco vezes. O que era improviso virou rotina. Em um ano, ele já participou de sete provas de rua, sendo a mais recente a meia maratona de Sorocaba (SP). 

Para José, o amortecedor não vem da espuma ou da tecnologia do tênis, mas sim da sola do pé e do calcanhar. Por não ter o amortecedor no pé, há um maior risco de lesão. Para evitar isso, é necessário adaptação e um fortalecimento muscular adequado. José também faz treinos de musculação e força. Quando vai correr, faz alguns quilômetros de tênis e, antes de tirar o sapato, sempre testa como o chão está. 

José não foi o primeiro a correr sem sapatos. Há 65 anos, Abebe Bikila conquistou uma medalha de ouro nas Olimpíadas correndo descalço. O atleta etíope comprou um tênis novo para a prova, mas não se adaptou ao sapato. Além de ter sido o primeiro africano a ganhar uma medalha de ouro, Adebe foi o primeiro a quebrar o recorde mundial da maratona.