‘Por que eu?’, questiona mulher usada como ‘laranja’ em contrato milionário entre Corinthians e empresa de apostas esportivas
Polícia Civil investiga possível lavagem de dinheiro com companhias fantasmas; entenda o caso
Domingo Espetacular|Do R7
O Domingo Espetacular trouxe mais detalhes sobre o caso que envolve um dos clubes de maior torcida do futebol brasileiro: o Corinthians. A polícia investiga uma possível lavagem de dinheiro em contrato firmado entre o clube paulista e a antiga principal patrocinadora do time. O caso ainda expôs a vulnerabilidade de Edna Oliveira Santos, mulher utilizada como ‘laranja’ para os possíveis desvios financeiros.
No início de 2024, o clube fechou o maior patrocínio do país, no valor de R$ 360 milhões, por três anos. No entanto, a marca rompeu o contrato com o clube, utilizando a cláusula de corrupção. O término do acordo por uma suspeita de fraude financeira chamou a atenção da Polícia Civil, que iniciou as investigações sobre uma possível lavagem de dinheiro no time.
A ex-patrocinadora do Corinthians alegou que uma empresa fantasma pode ter ficado com R$ 1,4 milhões, dos R$ 60 milhões que a empresa já teria pagado ao clube. O valor foi enviado para a Neoway Soluções, companhia com capital de R$ 180 mil, que está no nome de Edna Oliveira, mulher que vive de ajuda e com o auxílio do Bolsa Família.
Ela chegou até ser procurada por Adriana Ramuno, que disse ser detetive particular, e informou a mulher sobre o dinheiro que a empresa que estava em seu nome recebeu. Os advogados da jovem alegaram que a suposta investigadora fez inúmeras indagações, mas Edna negou tudo. “Ela não tem conhecimento de absolutamente nada”, disse William Rodrigues Marroco, advogado da possível vítima.
Além das inconsistências de informações da empresa que recebeu o dinheiro do patrocínio, o endereço de Edna na Junta Comercial de São Paulo está indicado em um bairro nobre na zona sul da capital. Porém, no condomínio não há nem o número do apartamento. A sede da empresa, na Avenida Paulista, também não existe.
A mulher que não está empregada, nem possui uma renda fixa, descobriu outra empresa em seu nome: uma fábrica de massas alimentícias, cujo endereço é, na verdade, de um terreno baldio.
Com a investigação, a Polícia Civil também descobriu que o contrato previa que, a cada seis meses de pagamento do patrocínio, uma empresa que intermediou o contrato entre a empresa de apostas esportivas e o Corinthians, receberia R$ 700 mil. A companhia que teve o dinheiro repassado era a Rede Social Media Design LTDA, que transferiu o valor de R$ 1,4 milhões para a Neoway.
A empresa que recebeu o dinheiro do Corinthians pertence a Alex Fernando André, conhecido no mundo do futebol como Alex Cassundé. Pessoas próximas da direção do clube disseram que ele teria se juntado ao superintendente de Marketing do time, Sérgio Moura, para eleger o atual presidente, Augusto Melo.
Agora, a Polícia Civil investiga as movimentações financeiras, e para isso, pediu a quebra de sigilo bancário das empresas Neoway e Rede Social Media Design.
Tiago Correa, delegado responsável pela investigação da possível fraude, contou que não há indícios da participação de qualquer dirigente do clube. “A gente trata o Sport Clube Corinthians Paulista como uma potencial vítima”, revelou.
Preocupada com toda a exposição, Edna desabafou: “Queria saber porque eles fazem isso com uma pessoa que não tem nada. Por que eu?”.
Assista ao vídeo:
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