‘Achei que fosse meu último respiro’, desabafa motorista de aplicativo agredido em assalto
Trabalhadores criaram grupo em rede social para compartilhar códigos de segurança entre si; especialista mostra como se proteger
Fala Brasil|R7

O Fala Brasil mostrou que casos de agressão a motoristas de aplicativo crescem na cidade de São Paulo e o grupo de trabalhadores virou alvo de ações criminosas coordenadas por gangues especializadas.
Com o número de ataques em expansão, a classe busca formas de se proteger. Eli Silva trabalha há oito anos na profissão, e tem no seu currículo quase 23 mil viagens. Após sofrer um assalto durante uma das corridas, ele se juntou a outros motoristas e criou um grupo em uma rede social para trocar informações durante o horário de trabalho.
Os profissionais utilizavam códigos entre si para facilitar o monitoramento da atividade durante a corrida: “Quando alguém digitava 33, todo mundo que estava no grupo se empenhava em acompanhar essa pessoa até o final”, explicou Eli.
Ele ainda instalou câmeras no carro, que ficam em diversos ângulos e enviam o material para uma nuvem. Os vídeos ficam disponíveis para ele ou outras pessoas terem acesso em até sete dias.
Ao solicitar uma viagem, caso o carro tenha câmeras que gravem áudio e vídeo, o passageiro tem a opção de aceitar ou não a corrida. Na maioria das vezes, pessoas mal-intencionadas optam por não prosseguir, no entanto, a presença do aparelho nem sempre inibe a ação criminosa.
Prejuízo de R$ 40 mil e medo de perder a vida
O motorista Felipe Ferraz tinha câmeras instaladas no para-brisa de seu veículo. Ao fim da corrida de dois rapazes, o trabalhador foi surpreendido com o anúncio de um assalto, e daí, três homens invadiram o veículo e ordenaram que ele fosse para o porta-malas.
Com medo pela própria vida, ele reage, e então um dos bandidos tentou enforcá-lo e agredi-lo com socos. “Neste momento na minha cabeça era tudo ou nada”, relembra o motorista. Enquanto ele lutava pela própria vida, um carro passou, e quando os moradores perceberam que era um assalto, os ladrões fugiram.
Os bandidos levaram o celular, a chave do carro e os documentos de Felipe. Além do trauma adquirido, ele teve um prejuízo de quase R$ 40 mil.
Trabalhando há sete anos com aplicativos, ele relata que nunca havia sido assaltado. “Agora, eu vou ser mais criterioso, tomar mais cuidado em pegar viagem para área de risco”, afirmou.
Um motorista que não quis se identificar relatou à reportagem da RECORD sobre os momentos de terror que passou em um assalto. Enquanto era agredido pelos bandidos, o homem revela que temeu o pior: “Achei que ali fosse meu último respiro, achei que ia partir dali”.
Estevão Castro, especialista em segurança, aconselha os trabalhadores a não terem aplicativos de banco nos celulares que utilizam no trabalho. Ele salienta que as câmeras ajudam, mas enfatiza a importância de compartilhar a própria localização com outras pessoas.
“Se possível, sempre verificar no aplicativo a pontuação do passageiro que solicita a corrida e comentários de outros motoristas sobre ele”, aconselhou o profissional.
As vítimas acreditam também na existência de uma gangue especializada neste tipo de ataque, e que os casos relatados até agora possam envolver os mesmos criminosos.
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