Motoristas de aplicativo enfrentam aumento da violência e insegurança nas ruas

O Brasil conta com cerca de 1,7 milhão de motoristas que trabalham para aplicativos de transporte. Para muitos deles, essa atividade representa um complemento à renda ou até mesmo sua única fonte financeira. Contudo, esses trabalhadores frequentemente se tornam alvos fáceis para criminosos que fingem ser passageiros comuns antes de anunciar roubos ou sequestros.

Márcio André da Silva, motorista há quatro anos em São Paulo e também porteiro há 17 anos, optou pelo trabalho noturno devido ao menor tráfego e maior remuneração. "Trabalhar à noite é mais vantajoso porque a rua está mais vazia e paga mais", explica Márcio. No entanto, ele foi vítima durante uma corrida aparentemente comum quando dois assaltantes embarcaram em seu veículo após solicitarem o serviço através de um perfil falso no aplicativo. Ele acabou sendo sequestrado pelos criminosos, que o colocaram no banco de trás. A situação só não teve consequências mais graves porque outro motorista percebeu a ação criminosa e seguiu os bandidos até eles colidirem o carro durante a fuga, o que resultou em ferimentos para Márcio.

A insegurança entre motoristas é crescente diante da atuação organizada das quadrilhas especializadas nesse tipo de crime. Recentemente, na Grande São Paulo, a polícia prendeu Lucas Santos Miranda, conhecido como Diabo Loiro, acusado de diversos crimes contra motoristas por aplicativo.

Especialistas apontam falhas nos sistemas dos aplicativos como fator facilitador desses crimes: falta uma análise detalhada sobre quem contrata as corridas; além disso, muitas vezes os veículos não possuem câmeras internas capazes de registrar atividades suspeitas dentro do carro.

Em resposta às crescentes preocupações com segurança, algumas plataformas têm investido em tecnologias avançadas visando tornar as viagens mais seguras, incluindo integração direta com o sistema 190, permitindo acionamento rápido e envio de dados da viagem em tempo real para as autoridades competentes.

Elisabeth Santos decidiu instalar uma câmera própria no veículo após sofrer um assalto enquanto realizava uma corrida no litoral paulista, embora reconheça a persistência da sensação de vulnerabilidade devido ao desconhecimento das intenções reais dos clientes potenciais.

Casos violentos continuam a ocorrer. Um exemplo recente é o de Carlos Eduardo Faria César, um jovem abordado no interior do estado e morto a tiros após uma tentativa de roubo. Durante a investigação, dois homens foram presos.

Recomendações de especialistas incluem a instalação de câmeras, o aviso a familiares sobre deslocamentos de longas distâncias, a rejeição de perfis suspeitos e, em caso de desconfiança durante o trajeto, sinalizar para viaturas policiais próximas para possíveis verificações preventivas. Márcia adota precauções semelhantes, evitando trabalhar de madrugada e em locais isolados, mantendo vigilância contínua sobre seu ambiente laboral.

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