Campeão mundial entrou por acaso no esporte e descobriu pais atletas
Quando começou no atletismo, Derick não sabia que Leandro e Marília tinham atuado na mesma modalidade; treinador dos três foi quem contou ao jovem
Pan Lima 2019|Guilherme Padin, do R7, em Lima, no Peru
“Você é o único responsável pelo seu sonho. Então, se você não correr atrás, quem irá correr por você?”. Essa foi a frase escolhida pelo velocista Derick Souza para seu perfil no E.C. Pinheiros, clube pelo qual atua. E foi correndo – literalmente, inclusive – atrás de seus sonhos que o atual campeão mundial no revezamento 4x100 m descobriu que seus pais também fizeram carreira no atletismo.
“Foi só quando comecei a treinar com o professor Paulo Servo, que também foi técnico deles, que descobri. Ele me contou que meus pais eram do atletismo, que minha mãe também corria. Cheguei em casa dando um esporro nela porque não tinha me contado (risos)”, contou Derick à reportagem do R7. Depois da ‘briga’, ele entendeu a razão de Marília de Souza.
Marília, a mãe, que já foi campeã e recordista sul-americana juvenil nos 100 m com barreiras, optou por não passar ao filho a frustração vivida ao perder um torneio que disputou: “Ela estava na frente da prova e uma americana se chocou com ela. Ela acabou machucando o posterior da coxa e perdeu a medalha. Foi por isso que não contou”.
Assim como a esposa, Leandro Teixeira, campeão estadual no arremesso de disco, também não havia contado sobre a carreira no atletismo ao filho.
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O casal não teria se preocupado com uma possível frustração de Derick se soubesse o que aconteceria com o jovem nos anos seguintes. Logo cedo, aos 17 anos, ele garantiu sua primeira conquista de relevância internacional: no Mundial de Menores de 2015, aos 17 anos, ficou com a prata. No ano seguinte já se mudaria para São Paulo para defender o Pinheiros.
Início por acaso
A trajetória de Derick no atletismo começou despretensiosamente. Na adolescência, ele estudava na Escola Silveira Sampaio, em Curicica, zona oeste do Rio de Janeiro.
Ainda novo, ele tinha o futebol e o futsal como esportes favoritos, e foi numa competição deste segundo que recebeu o convite para correr nos Jogos Escolares da Juventude.
Nos Jogos, se saiu bem, garantiu uma vaga para competir em Minas Gerais e, dali em diante, o caminho nas pistas foi se abrindo.
Entre tantos momentos que viveu nas categorias juvenis e sênior, ele destaca a medalha de prata no Mundial de Menores como o ponto de virada em sua história: “Aquela medalha me mostrou que era isso que eu queria pra minha vida. Continuei persistindo e tô aqui”.
Título mundial no Japão
Foi em maio deste ano que Derick alcançou aquele que é – até o momento – o grande momento de sua carreira.
Ao lado dos amigos e companheiros de equipe Paulo André, Jorge Henrique Vides e Rodrigo Nascimento, em Yokohama, no Japão, foi campeão mundial no revezamento 4x100 m.
“Foi uma sensação incrível. A gente esperava um pódio, e brigávamos pelo primeiro lugar. Quando vimos que ficamos com o título, foi bom demais. Até hoje não consigo descrever o que senti ali”, relembrou o velocista.
Sem perder a autocrítica, Derick analisou também o momento da equipe antes do campeonato: “Não vínhamos muito bem durante o ano na prova, mas com certeza corremos bem no momento certo. Ficamos muito felizes com o resultado”.
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Para garantir o ouro, o quarteto brasileiro fez tempo de 38s05 e ficou apenas dois centésimos à frente dos norte-americanos (38s07), que garantiram o segundo lugar.
Pressão? Que nada!
Embora entenda a responsabilidade que vem junto de uma grande conquista, o sereno velocista de 21 anos não se incomoda. “Fico tranquilo. Não sou muito de me cobrar por essas coisas. No nosso grupo, tentamos passar tranquilidade um pro outro”, contou ele.
Prestes a disputar a prova do revezamento nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019, ele reconhece que a conquista mundial aumenta a expectativa sobre ele e os companheiros do quarteto.
“Acho que o peso do Pan aumenta também. Como somos campeões mundiais, os olhos estão voltados para a gente. Temos uma responsabilidade a mais, mas sempre mantendo os pés no chão. Sabemos o que podemos fazer, e vamos lutar para fazer isso”, garantiu Derick.
Sonhos e objetivos
Depois de atingir um feito como o de maio passado, é possível sonhar mais? Para o carioca de 21 anos, sim. O velocista do Pinheiros tem como seu principal objetivo na atualidade a conquista de uma medalha olímpica. “É o sonho de qualquer atleta, e eu almejo isso”, falou ele.
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Sobre as metas em números, ele já definiu onde quer chegar: “Quero correr 19 segundos na prova dos 200 metros e abaixo dos 10 segundos nos 100 metros (até hoje, nenhum brasileiro atingiu o feito). São os meus sonhos”.
Até o momento, as melhores marcas da ainda curta carreira de Derick são 10s10 nos 100m e 20s23 nos 200m, mas ele garante que ainda vai melhorá-las.
Pequeno Derick era bagunceiro e dava trabalho
Se hoje é um atleta centrado na busca de novos resultados e recordes, Derick Souza dava trabalho quando pequeno.
“Fui muito bagunceiro, minha mãe ficava doida comigo. E todo dia ela reclamava porque eu saía para empinar pipa e ficava sem almoçar, sem tomar café, sem jantar... Só voltava à noite”, disse o velocista.
De acordo com ele, o perfil mudou com o tempo – em partes, graças à prática esportiva. “Por causa dos treinos, sou mais tranquilo e mais caseiro, bem menos bagunceiro”, afirmou.
A Record TV é a emissora oficial dos Jogos Pan-Americanos Lima 2019. Você pode acompanhar os eventos ao vivo no R7.com e conferir todas as transmissões e as íntegras no Playplus.com.
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