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Pan Lima 2019

Janeth e Paula relembram título mundial: 'Ninguém colocava fichas'

Após eliminar os EUA na semifinal, Brasil superou chinesas e chegou à conquista inédita; apenas quatro seleções venceram o Mundial

Pan Lima 2019|Guilherme Padin, do R7

Após vitória contra China, seleção brasileira faturou título inédito no Mundial
Após vitória contra China, seleção brasileira faturou título inédito no Mundial

Quem viu o time formado por Hortência, Magic Paula, Janeth, Alessandra e companhia nos anos 90 certamente tem ótimas memórias do basquete brasileiro na época. Uma — talvez a mais importante — delas completa 25 anos nesta quarta-feira.

Em 12 junho de 1994, a talentosa equipe brasileira venceu a China por 96 a 87 e faturou seu primeiro e único título mundial.

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Destaque na marcante campanha e da chamada Geração de Ouro, Janeth se recorda do campeonato com carinho: “Foi um dos títulos mais importantes da nossa geração. Até então, só Brasil, EUA e Rússia tinham esse título”. Hoje, a Austrália compõe o grupo das únicas quatro equipes que ganharam a competição.

Outra estrela daquela equipe era Magic Paula. Segundo ela, “conquistar o Mundial foi fantástico para nossa geração. Carimbamos algo que já vínhamos buscando há anos. Era o quinto Mundial meu e da Hortência, e sempre com uma retrospectiva muito ruim. Nunca deixamos de acreditar, sabíamos que éramos merecedoras”.


Ela afirma que o Mundial de 1994, na Austrália, foi seu grande título na carreira: “Apesar de todo glamour que é ganhar uma medalha olímpica, foi a minha maior conquista”.

A conquista teve ainda mais peso pois, um dia antes da decisão, a seleção havia garantido uma classificação histórica após a semifinal diante dos Estados Unidos (110 x 107), melhor time do mundo àquela época.


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A armadora comenta sobre a postura das brasileiras na partida: “Entramos de peito aberto. Quando vimos que o jogo estava de igual para igual, foi bom, pois foi a hora que conseguimos virar, fazer uma boa defesa e anular as melhores pontuadoras delas no ataque”. Para Janeth, tirar o ponto forte das adversárias foi “a chave para virar o jogo, manter o placar e passar para a final”.


No início, erros e aprendizado

Apesar dos resultados marcantes diante das chinesas e norte-americanas, o início na competição não foi tão virtuoso quanto o fim: nas fases de classificação às semifinais, foram duas derrotas — uma delas para a China, inclusive.

A ex-jogadora acredita que “as derrotas [no início da competição] fizeram com que a gente crescesse bastante, analisasse melhor as equipes, os adversários e aí conseguir passar pelas fases”. Perder para a China na segunda fase, aliás, para Janeth, “serviu de experiência” para a decisão. 

Paula foi um dos destaques da equipe campeã em 94
Paula foi um dos destaques da equipe campeã em 94

Em comparação com as favoritas, ela pontua que “chegar na competição correndo por fora foi positivo. Tirando as americanas, as outras seleções não nos conheciam, até porque nunca tínhamos conquistado nada em mundiais”. “[O título] foi realmente para consagrar nossa geração e mostra que, mesmo com quase nenhum incentivo, conseguimos ser a melhor seleção do mundo nessa geração”, afirma.

Paula concorda com a companheira de equipe. “Ninguém botava as fichas em nós. Chegamos correndo por fora, mas muito mais maduras. Aos poucos, fomos chegando e, quando perceberam, estávamos na semifinal contra os Estados Unidos. Era o momento, era a hora”, diz ela.

Como chega a seleção para o Pan de Lima 2019

Janeth vê a atual equipe da seleção brasileira, que estará nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, com bons olhos. “É uma seleção que tem muito potencial. Elas podem chegar muito bem no Pan e têm grandes condições de mostrar que estamos numa crescente”, considera.

A ex-armadora também pontua que ainda falta experiência ao time: “É uma equipe nova. Precisa ter um bom tempo de treino, de ganhar experiência, e, quanto mais elas jogarem, com certeza vão adquirir. A médio prazo, os resultados devem vir”.

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No entanto, a seleção brasileira tem, nos últimos anos, campanhas consideravelmente inferiores às da década de 90. Para voltar a viver tempos de glória, como a conquista mundial de 1994, o Pan-Americano de 1991 e a medalha de prata em Atlanta, em 1996, Janeth afirma que o trabalho deve ser feito a longo prazo.

“É necessária uma boa gestão, um trabalho de categoria de base, envolvimento e engajamento maiores entre nossas entidades, desde federação, confederação, clubes... Quando isso estiver em uma engrenagem muito boa, os resultados podem ser positivos”, diz ela.

Paula, por outro lado, demonstra menos otimismo que sua antiga colega de equipe. Porém, de acordo com ela, a culpa dos problemas recentes da seleção não é das jogadoras. 

“Foi uma gestão desastrosa e corrupta por muitos anos. Isso afetou as gerações futuras. Quando a gente acredita que as coisas podem melhorar, essa gestão sofre com problemas das gestões anteriores, que deixaram uma dívida monstruosa Sempre fomos o patinho feio na confederação. O privilégio de valorizarem mais o [esporte] masculino é geral, não só na nossa modalidade”, analisa.

Sobre a atual geração das atletas, Paula afirma que “não dá pra querer que sejam como a gente era. A diferença, talvez, seja que nós brigávamos mais pelo que queríamos. Também não tínhamos estrutura e apoio como elas não têm”.

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