Na ‘Divisa’ da Maré, facções impõem terror e isolam moradores em campo de guerra no Rio

O Domingo Espetacular escancara a realidade brutal vivida na chamada "Divisa", uma linha invisível dentro do Complexo da Maré, onde duas das maiores facções criminosas do Rio de Janeiro — Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP) — se confrontam pelo controle territorial. Localizada entre as comunidades da Nova Holanda e Baixa do Sapateiro, a região virou um campo de guerra urbano, com barricadas, fuzis apontados por seteiras, e moradores acuados. A reportagem revela que regras impostas pelo tráfico restringem até a circulação entre ruas vizinhas, com pena de morte para quem "cruzar a linha errada". O local, estratégico por sua posição entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha, tornou-se um símbolo do poder armado paralelo, onde o medo reina e o Estado, quando aparece, chega sob fogo cruzado. 

A equipe jornalística mergulha nas vielas vigiadas por olheiros e soldados do tráfico, trazendo imagens exclusivas de tiroteios, armamentos pesados e pichações que marcam território. A presença do tráfico vai além da violência: há venda de drogas em bancas expostas, exploração de serviços essenciais e domínio econômico local. Especialistas em segurança pública e policiais relatam como a guerra territorial serve como mecanismo de controle social e financeiro. Com 140 mil moradores, a Maré é maior que muitas cidades brasileiras, mas vive à margem dos serviços básicos, com escolas fechadas, lixo acumulado e crianças dormindo sob o som dos tiros. Ainda assim, há quem sonhe com mudança. A reportagem conclui com o apelo por políticas públicas integradas, além de ações policiais, para resgatar uma população refém do crime e do abandono histórico.