‘Vou até o final’, promete mãe após ter filho autista dopado em creche
Dois casos de violência recente estão sendo apurados pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro; entenda
Domingo Espetacular|Do R7
O Domingo Espetacular trouxe o caso da criança autista, de 2 anos, dopada em uma creche no Rio de Janeiro. Um exame feito a pedido da família acusou a presença de um medicamento forte, indicado ao combate à insônia, no corpo do garoto.
O filho de Lays Almeida foi diagnosticado com autismo há 10 meses. Ela revela que informou as condições da criança ao matriculá-lo na creche e aproveita para fazer um desabafo. “A gente está expondo, para não acontecer com outras crianças, e mesmo assim, a gente ainda é julgado”.
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Lays conta que desde o começo, a instituição pedia que ela buscava o filho antes. “No início era [algo como] seu filho não está comendo mãe e ele não pode ficar sem comer’”.
Depois, eles pediam para buscar antes do horário. alegando que atrapalhava o sono e a rotina das outras crianças. A mãe procurou o Conselho Regional de Educação em busca de ajuda e aí pararam as queixas.
Lays desconfiou que algo estava errado quando notou que o filho estava no colo da professora, mas ao colocá-lo no chão, o menino cambaleou para o lado.
Ao ser questionada por Lays, a profissional da educação afirmou que o menino estava daquele jeito porque não havia dormido na creche. Um comentário feito pela professora chamou a atenção da mãe: “Se acontecer alguma coisa com ele, você me avisa, se não a diretoria corta meu pescoço”.
Com o filho ainda dopado, ela resolveu ir ao hospital e, ao chegar lá, pediu exames para saber o que estava acontecendo com a criança. Após uma lavagem no intestino da criança para retirar qualquer substância tóxica, o exame laboratorial particular acusou a presença do remédio de uso controlado com efeito hipinótico e sedativo.
“A gente já sabia que ele tinha sido dopado, mas queríamos saber em que proporção”, desabafou Lays.
O neurocirurgião Orlando Maia informa o que poderia ter acontecido com a criança medicada na creche: “O principal risco que correu, dependendo da dosagem da medicação, é uma depressão respiratória, que poderia inclusive ter levado a uma parada respiratória e a morte”, informa.
Funcionários da creche prestaram depoimento e o caso está sendo investigado pela polícia do Rio de Janeiro. O advogado de uma das professoras comentou: “Nunca foi administrado nenhum medicamento para nenhuma criança daquela unidade escolar. O inquérito está hoje em segredo de justiça”.
Mas o caso envolvendo uma criança autista no Rio de Janeiro não é isolado. Joice de Souza conta que o filho de 13 anos era alvo de ataque entre os colegas por ser autista. “Meu coração como mãe está despedaçado, nunca que uma mãe quer ver o filho passando por isso”.
“Ele já teve crises em casa, falou que na escola quase ninguém gostava dele, usavam a palavra especial para se referir a ele”.
Os episódios envolvendo os filhos de Lays e Joice mostram uma realidade alarmante. Em média, um caso de violência contra crianças autistas é registrado a cada trinta minutos no país.
“Faltam palavras para descrever como as pessoas estão lidando com a questão do autismo. Não importa o diagnóstico, o que mais importa é olhar aquela pessoa como individuo. As instituições precisam saber disso”, diz Marcella Bianca, neuropsicóloga.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação diz que instaurou sindicância para a apuração dos dois casos e reforçou que a mãe do adolescente envolvido foi chamada para uma reunião de acolhimento e cuidado.
“Eu não queria tratamento especial para meu filho, eu só quero que ele seja tratado com respeito, como qualquer outro ser humano”, diz Joice.
Lays trocou o filho de creche, e agora ele é acompanhado por um mediador, um profissional que ajuda na inclusão da criança. “Quem fez isso com meu filho, não vai poder fazer com mais criança nenhuma. Se depender de mim, eu vou até o final. Essa pessoa tem que pagar tanto da forma administrativa, quanto responder criminalmente”.
Assista ao vídeo:
O Domingo Espetacular vai ao ar todos os finais de semana, às 19h45, na tela da RECORD.