Brasileiro traficado na Ásia desabafa sobre dias de terror: ‘Fui preso, espancado e torturado com armas de choque’
Luckas Santos e Phelipe Ferreira foram obrigados a trabalhar em Myanmar para uma máfia chinesa de golpes virtuais; jovens retornaram a São Paulo depois de meses de sofrimento
Domingo Espetacular|Do R7

O Domingo Espetacular acompanhou o retorno dos brasileiros que foram traficados para o sudeste da Ásia. Eles chegaram em São Paulo após um longo e conturbado voo, e reencontraram suas famílias. Luckas Santos e Phelipe Ferreira foram para o continente no fim do ano passado em busca de uma vida melhor: ter um emprego no exterior, receber em dólar e visitar lugares paradisíacos.
O que os dois não imaginavam é que as promessas de emprego na Tailândia eram falsas. Os estudantes foram obrigados a trabalhar em Myanmar para uma máfia chinesa de golpes virtuais.
Luckas e Phelipe ficaram quatro meses presos, sendo obrigados a cometer crimes online, além de sofrer maus-tratos. A jornada era de 17 horas, sempre de madrugada. As conversas tinham início na internet. As mulheres eram abordadas em aplicativos de relacionamento e, os homens, pelas redes sociais.
Os brasileiros eram obrigados a convencer pessoas do mundo inteiro a investir em supostos fundos de criptomoedas. Quando não conseguiam alcançar a meta de US$ 10 mil por mês, equivalente a R$ 60 mil, eram torturados.
“Os piores momentos foram as duas vezes que eles me colocaram preso. Eu mandei mensagem para um amigo meu. Depois de um tempo, chegou uma mensagem de um deles para um dos chefes. Logo depois, me colocaram no quarto, me espancaram, eles têm arma de choque também”, contou Luckas.
Luckas também tinha marcas de algemas nos pulsos. “Eu ficava 17 horas em pé, com os braços assim, apertando muito, e eu não podia sentar. Porque o trabalho era de 17 horas por dia”.
Depois de uma fuga frustrada do dia 8 para o dia 9 deste mês, os rapazes foram mais uma vez espancados. Até que conseguiram fugir com a ajuda de um grupo armado étnico de Myanmar, que atua como polícia na região da fronteira.
Os brasileiros estão entre os 100 mil imigrantes que foram traficados para o chamado “Triângulo Dourado”, uma fronteira tríplice entre a Tailândia, Laos e Myanmar.
A liberdade parecia algo distante para os jovens, mas agora, livres, eles dão apoio um para o outro. Phelipe quer terminar a faculdade de Marketing e Luckas deseja investir na carreira de ator.
Assista à reportagem na íntegra:
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