‘Ela mentia à beça’, revela Margarida Bonetti sobre empregada que a denunciou por escravidão
Mulher, que vive em mansão abandonada na capital paulista e ficou conhecida por usar uma pomada branca no rosto, falou pela primeira vez com uma equipe de televisão; saiba mais
Balanço Geral|Do R7

O Balanço Geral revisitou o caso que explodiu no Brasil entre 2022 e 2023. A mulher que vive em uma casa abandonada no bairro de Higienópolis, na capital paulista, Margarida Bonetti, de 68 anos, deu uma entrevista exclusiva para a RECORD, contando detalhes nunca antes revelados sobre as acusações contra ela e seu ex-marido, e também comentou a acusação de uma empregada sobre trabalho escravo, com direito a agressões e cárcere privado.
“Eu brincava com ela. Ela era minha amiga de brincadeira. Nós jogávamos queimada, pega-varetas. Mas ela mentia à beça, ela era uma mentirosa contumaz”, disse Margarida, ao ser questionada sobre como era seu relacionamento com Hilda, a funcionária que a acusou de trabalho escravo.
A história que resultou em Margarida como procurada pelo FBI, se iniciou há mais de 20 anos, quando Renê Bonetti, seu ex-marido, foi convidado a trabalhar para a NASA, nos Estados Unidos.
Segundo os relatos, ela não queria ir, mas seu esposo garantiu que seria por cerca de um ano. “Olha só, como ele era danado. De um ano, passou para dezenove”, afirmou.
Margarida contou que sofre com artrite reumatoide e não conseguiria cuidar da limpeza de sua casa no exterior. Com isso, Renê sugeriu que Hilda, a empregada de seus sogros, os acompanhasse.
Além do ex-companheiro, a mãe dela, também teria pedido para que a filha levasse a empregada. Porque o suposto namorado de Hilda era casado, e a respectiva esposa do homem acabou descobrindo o caso extraconjugal do marido, indo atrás da funcionária, o que poderia causar sérios problemas para a família.
“Desculpa falar, mas ela era uma sem-vergonha. Ela dormia com uns homens por aí, e minha mãe escondia isso de mim. E como eu tinha artrite reumatoide, eu não tinha condições. Então meu ex-marido disse para ela ‘vamos para os Estados Unidos?’”, afirmou Margarida.
Os três partiram para o exterior, e residiram nos arredores de Washington, nos Estados Unidos, por duas décadas.
Segundo as investigações do caso, foi durante esse período de 20 anos que Hilda sofreu com agressões que iam de pratos de sopa quente jogados em seu rosto até puxões de cabelo a ponto de arrancar tufos.
Além dos ataques físicos, Hilda também denunciou que vivia em cárcere privado, com a retenção do seu salário, privação dos seus direitos e a negligência de cuidados. Quando precisou ir ao hospital por ter uma infecção na perna e um tumor no estômago, sua patroa não a teria levado para receber os tratamentos médicos necessários
Durante a entrevista exclusiva, Margarida tentou de todas as formas reverter as acusações, com argumentos definidos.
Ao ser questionada sobre a morada da empregada no porão da casa norte-americana, ela explicou que a definição de “porão” no Brasil é diferente dos Estados Unidos, além de ter afirmado que não tinha consciência do não recebimento de salário, alegado pela funcionária.
Em contrapartida, Renê Bonetti, também fez uma declaração na exclusiva, e destacou que todas as necessidades de Hilda eram supridas, desde ir ao dentista à compra de roupas. Mas ele confirmou as alegações de agressão. Segundo ele, Margarida teria começado a tomar um remédio para emagrecer e, em seguida, passou a agir fora de si.
“A Hilda recebia o salário mínimo normalmente. O meu sogro quem guardava o dinheiro dela. Quando ela pediu o salário, eu fiz um cheque e mandei para ela, mas logo depois ela o devolveu e seus advogados pediram uma quantia de US$ 1 milhão como pagamento”, disse Renê, sobre um dos comportamentos estranhos de Hilda.
“Ela começou a brigar com a Hilda quase todo dia. Qualquer coisinha de errado que ela fazia, brigavam. Teve um dia, que as duas saíram no tapa, e foi aí que Hilda saiu correndo de casa e se queixou para uma vizinha, que tentou ajudá-la ao tentar empregá-la, mas quando viu que ela não tinha documentos, chamou o FBI”, afirmou Renê Bonetti, sobre como eram os conflitos entre Margarida e Hilda.
A equipe do Balanço Geral, conseguiu conversar com a vizinha, que ajudou a empregada, a denunciar seus antigos chefes.
“Isso terminou, e depois desse tempo, ninguém do Brasil nos ajudou, então eu e Deus, fizemos tudo sozinhos”, afirmou mulher, que preferiu não se identificar.
Hilda foi resgatada e levada para um abrigo, onde vive até hoje.
Renê perdeu tudo e foi condenado a seis anos de prisão, enquanto Margarida também foi condenada pelos mesmos motivos, mas conseguiu fugir para o Brasil e se esconde em sua mansão desde então.
“Perdi meu emprego, minha casa, tudo”, lamentou Renê.
O caso, que abalou os Estados Unidos em 2001, explodiu nas mídias brasileiras no período pós-pandemia e, consequentemente, Margarida Bonetti se tornou a figura emblemática que vivia em uma mansão abandonada, na região de Higienópolis, na capital paulista, avaliada em cerca de R$ 8 milhões.
Por esse motivo, ela passou a viver reclusa da sociedade e só se comunicava por trás dos portões da mansão.
Com as acusações de fazer uma empregada de escrava e maus-tratos aos três animais que residiam com ela, registrada em 2022, Margarida passou a enfrentar dificuldades na Justiça, durante uma “briga” com suas irmãs sobre a posse legal do casarão de 20 cômodos, em Higienópolis, na zona oeste de São Paulo.
Pelo testamento deixado pela mãe de Margarida, o casarão pertenceria somente a ela, mas segundo o governo, todas as irmãs têm direito a uma porcentagem da casa.
“Somos amigas, não brigamos. Eles inventam ‘a briga das três irmãs’, não há briga nenhuma”, disse Margarida sobre a questão na Justiça sobre a posse da mansão.
Um advogado especializado em processos civis ressalta que por ser uma “briga” com muitos anos de duração na Justiça, ela vai se tornar cada vez mais difícil de ser resolvida: “É um processo que se arrasta há 24 anos, isso vai tornado custoso, demorado e cada vez mais difícil de ser um caso pacífico”.
Ao final da entrevista, Margarida explicou o porquê de seu rosto sempre estar esbranquiçado. Ela revelou que tem a pele sensível à luz solar e usa uma pomada para alergia.
Hoje, Margarida e Renê são divorciados. Ele trabalha na Northrop Grumman Innovation Systems, uma empresa de tecnologia e ela permanece isolada em sua casa, de aparente abandono.
Confira a reportagem na íntegra:
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