Megarrampa, bailarina biamputada e queda de ex-atleta trazem mensagens de superação nas Paralimpíadas
Dono de 13 medalhas paralímpicas, nadador Clodoaldo Silva acendeu a pira no Maracanã
Rio 2016|Do R7
Vibrante, inclusiva e emocionante. Com o tema "Todos têm Coração", a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos ofereceu múltiplas experiências ao público no Maracanã nesta quarta-feira (7). O voo do cadeirante Aaron Wheelz numa megarrampa e a bailarina Amy Purdy sambando na ponta das próteses deram o tom da festa. Mas foi a queda da ex-atleta Márcia Malsar, durante o último revezamento da tocha, que traduziu a mensagem inspiradora dos Jogos: não desistir apesar das dificuldades.
A cerimônia começou com uma performance de tirar o fôlego. O cadeirante Aaron Wheelz saltou de uma megarrampa (17 metros de altura) e executou uma manobra de 360º, antes de atravessar um círculo de fogo. Em três horas, a festa fugiu dos esteriótipos, que normalmente ligam os atletas paralímpicos a imagem de heróis e mostrou que a capacidade do ser humano não tem limites.
O gramado do Maracanã virou uma grande roda de samba. Artistas renomados da música brasileira, como Maria Rita, Xande de Pilares e Diogo Nogueira homenagearam os cadeirantes.
Durante a entrada dos atletas, ainda foi formada uma obra de arte gigante. As placas com os nomes dos países funcionaram como uma peça de quebra-cabeça. À medida em que as delegações entravam, a peça, que trazia impressa os rostos de todos os atletas paralimpícos, era depositada no centro do estádio. No final, um dos diretores artísticos da cerimônia, Vik Muniz, encaixou a última placa com o nome do Brasil. E num show de projeções, o grande quebra-cabeça se tornou um coração pulsante e emocionou a plateia.
Outro ponto alto da noite foi a experiência multissensorial oferecida ao público, com a intenção de mostrar a realidade do atleta paralímpico. Durante o show, a luz do Maracanã foi totalmente apagada e refletores direcionados para a arquibancada. Nesse momento, bailarinos entraram com guias luminosas no palco e, com uma coreografia, enquanto os espectadores experimentavam falta de nitidez na visão.
O público foi à loucura com a apresentação da atriz e modelo Amy Purdy. Com duas próteses fabricadas em impressora 3D caseira, a norte-americana biamputada dançou com um robô de alta performance usado em segmentos industriais, representando a interação entre mulher e máquina. A apresentação mostrou o quanto a tecnoclogia é importante para o homem, mas que não é capaz de superá-lo.
Para fechar a noite, o útlimo revezamento da tocha foi marcado por forte emoção. Com dificuldade, a ex-atleta Márcia Malsar carregou o fogo olímpico. Ela caiu durante o trajeto e deu um susto no público. Ao se levantar e seguir em frente, foi aplaudida de pé.
Apesar da chuva apertar no Maracanã, o brilho da festa não foi apagado. Antes de acender a pira, o ícone do movimento paralímpico brasileiro, o nadador Clodoaldo Silva se deparou com uma escadaria no palco. A ideia era criticar a falta de acessibilidade dos espaços públicos. Contudo, ao contrário da vida real, a escada se transformou numa rampa, que possibilitou o nadador chegar até a pira e finalmente abrir os Jogos.
Com a participação de 2 mil voluntários, a cerimônia teve a direção criativa assinada pelo artista plástico Vik Muniz, o jornalista Marcelo Rubens Paiva e o designer Fred Gelli.
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