Domingos Meirelles mostra a história da garota que foi presa com mais de vinte homens
Em novo dia e horário, Câmera Record vai ao ar neste domingo (23), a partir das 23h15
Câmera Record|Do R7

O que você vai ver no Câmera Record deste domingo (23) é uma entrevista exclusiva com Lidiany Alves Brasil, vítima de um dos episódios mais brutais da história recente do País. Um rosto e uma vida até então desconhecidos.
Revoltada, Lidiany relembra alguns episódios traumáticos que vivenciou durante a prisão.
— Tinha que trocar meu corpo pra poder comer lá dentro. Eles me queimavam de cigarro. A polícia cortou meu cabelo com um facão pra eu ficar parecendo um menino.
Com documentos e informações inéditas reunidos em seis meses de investigação, os repórteres Gabriela Pimentel, Domingos Meirelles, Gustavo Costa, Daniel Motta, Heleine Heringer e a editora Fabiana Lopes localizaram a jovem e contam em detalhes sua trajetória e tudo que ela sofreu à época, aos 15 anos, quando a imprensa brasileira e internacional se assustou ao noticiar tamanha barbárie.
— Eu não queria ser encontrada, porque eles nunca esqueceram essa história.
"Eles", a quem ela se refere, são investigadores, carcereiros, delegados e uma juíza. Todos estão envolvidos no caso, segundo a Justiça.
Em 2007, Lidiany foi flagrada furtando um celular, roupas e um cordão de prata na casa de um sobrinho de um investigador de polícia. Apreendida, teve uma costela quebrada após uma sessão de espancamento.
— O cara ainda meteu a arma na minha boca.
Sob ameaça e jogada em uma cela com mais de 20 criminosos, ela sofreu todo tipo de violência, durante 26 dias, em uma prisão de Abaetetuba, no interior do Pará, com a conivência de autoridades, de acordo com o Ministério Público.
Lidiany só sobreviveu à selvageria graças aos apelos de duas conselheiras tutelares que denunciaram o caso à imprensa. Imaculada Conceição, uma das conselheiras da cidade, também fala com a equipe do Câmera Record.
— Lidiany passou por todo tipo de tortura. Aquele ambiente não era nem pra um animal, porque nem um animal merece isso.
Pressionado por autoridades brasileiras e instituições estrangeiras renomadas, o Governo Federal resolveu agir, embora fosse tarde demais.
Lidiany e a família dela foram, então, incorporadas separadamente a dois Programas de Proteção à Pessoa, para não serem executadas. Lidiany comenta sobre o medo de ser encontrada por seus inimigos.
— Estava com medo de morrer.
Após seis meses checando documentos sobre os prováveis destinos da família de Lidiany, nossas equipes encontraram a mãe e as irmãs escondidas em uma cidade que, por questões de segurança, não vamos revelar o nome.
Dona Cléia, mãe da vítima, fala como a vida se transformou após este episódio.
— A gente vive se escondendo, já passamos por mais de 15 estados. Até hoje, quando a gente vê um carro estranho, a gente fica com medo.
Uma das irmãs também desabafa durante a entrevista.
— A gente é foragido. A gente não pode falar nem o nosso nome direito, se vier alguém seguindo a gente, a gente já tem medo.
Até hoje, a mãe e as irmãs não têm notícias de Lidiany. Não sabem se ela está viva ou morta. A mãe da jovem se emociona ao tocar no assunto.
— Na última vez que ela falou comigo, ela leu uma parte do livro de Salmos pra mim. Choramos juntas e nunca mais!
Nós levamos os depoimentos de Lidiany para amenizar um pouco a angústia de dona Cléia.
— Estou aliviada ao saber que a minha filha está viva. A mãe te ama, filha, te ama do fundo do meu coração.
Levamos o caso de Lidiany e da família dela à especialistas em Programas de Proteção à Vítimas e Testemunhas. Carlos Eduardo, delegado da Polícia Federal e professor de Direito Penal, fala do assunto.
— Eu acho que nós temos que reformular [o programa]. Têm certas situações que a pessoa não tem essa capacidade de se autodeterminar.
São muitas as falhas apontadas nesse tipo de programa, segundo Ariel de Castro, do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
— O programa tem que oferecer a convivência familiar e comunitária e restabelecer os vínculos daquela pessoa, daquela criança ou adolescente com seus familiares e nós vimos [no caso de Lidiany] que, pelo contrário, o programa aprofundou a distância entre a família e a jovem.
Você também verá o encontro de nossos repórteres com a juíza envolvida nesse caso, que vai mais uma vez mexer com o País inteiro. E os bastidores da investigação. É imperdível!
Em novo dia e horário, o Câmera Record é exibido aos domingos, a partir das 23h15, logo depois do Domingo Espetacular, na Record TV.
Veja o vídeo:















