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C4 Pedro no ‘Palco’: 18 Anos de música e memórias

Palco Record|Do R7

No último episódio do ‘Palco’, a apresentadora Rita Rosado esteve com uma das maiores referências da música lusófona: C4 Pedro. O cantor e compositor angolano começou a sua trajetória em 2007, ao lado do seu irmão, com o álbum ‘Lágrimas – um só povo, uma só canção’. Ao longo dos anos, conquistou o público com sucessos em diversos estilos, passando pelo pop, afrobeat, kizomba e R&B. Além da sua carreira a solo, fez ainda parte do projeto ‘B4’ com Big Nelo, de onde nasceu o sucesso ‘É melhor não duvidar’. Recentemente lançou a música ‘Sem Querer’ e este ano, celebra 18 anos de carreira com um show muito especial no Coliseu, que vai reviver os seus melhores êxitos.

[Entrevista originalmente exibida no programa ‘Palco’, da RECORD EUROPA]

Rita Rosado: Tu és, sem dúvida, um dos músicos angolanos mais influentes desta nova geração. Que compromisso é que tu tens vindo a manter com as pessoas que te ouvem?

C4 Pedro: Este [compromisso] de continuar a alegrar corações, a unir pessoas, a levar alegria para os amigos e para as famílias. Não só para Angola, mas para o mundo inteiro. Acho que esta preocupação de ir crescendo com o meu público e com os meus fãs, tem sido uma experiência muito boa, porque no fundo eu não luto contra a idade. Eu vivo cada momento valorizando cada capítulo e cada página da minha vida. E eu sinto que é exatamente isso que as pessoas precisam.

RR: Tu começaste a dar os teus primeiros passos na música, na Bélgica. De que forma é que isso foi importante para ti?

C4: Eu quando lá fui, nem fui para a música. A minha mãe mandou-nos todos lá. E aquilo para mim, no que toca ao ramo musical, ajudou-me bastante a perceber que o mundo não era só Angola. Que Angola era uma coisinha pequena dentro deste oceano que é o mundo. Então, eu quando comecei a sair para o mundo, nada era estranho para mim, eu já conhecia o mundo. Isso ajudou-me bastante, esse início na Bélgica.

RR: Em 2007, lançaste o teu primeiro disco, que se chama ‘Lágrimas – um só povo, uma só canção’. Este disco foi lançado na Bélgica, mas falamos de Angola, não é?

C4: Sim, este foi o primeiro álbum que não se parecia com nenhum outro, nem com nada. Porque não era nem um álbum feito para os belgas, nem um álbum feito para Angola. Era só um álbum que eu fiz com o meu irmão mais novo, o Lil Saints – que também tem uma carreira brilhante hoje. Nós queríamos fazer música sem nos preocuparmos muito com o que iria, ou não, ter sucesso.

RR: O que é que vocês gostavam de dizer nesse álbum? Que músicas estavam presentes nesse álbum?

C4: Nós não tínhamos mesmo noção que música também era negócio. Claro que sabíamos que nós podíamos vender e ganhar dinheiro, mas a verdadeira noção de negócio nós não tínhamos. Com aquele álbum só queria falar do que eu estava a sentir naquele momento, naquela fase da minha vida, naquela adaptação entre Angola e a Bélgica, entre África e Europa. Era muito disso. Não era um álbum que, se calhar, eu tinha feito para as pessoas ouvirem, era mais para eu ir ouvindo. E depois percebi que eu era muito parecido com as pessoas e que as pessoas gostavam de me ouvir.

RR: Sentes que as escolhas que tu foste fazendo ao longo da tua vida na música, foram bem aceitas pelas pessoas?

C4: Não, eu sou visto como aquele artista que rema contra a maré. Eu acho que os melhores caminhos não podem ser tão fáceis. As melhores destinações não podem ter caminhos tão fáceis. Quando vejo dificuldades num caminho, eu digo: ‘Deve ser por aí’. Eu sou esse tipo de pessoa, que toma sempre as decisões contrárias aquilo que a indústria vai escolhendo. Então, é sempre muito difícil, no início, as pessoas aceitarem as minhas ideias. De vez em quando, até algumas músicas minhas, mas com o tempo, isso funciona.

RR: Essas escolhas acabam por refletir-se no tipo de música que tu fazes?

C4: Exatamente. Eu não sou muito bom em seguir tendências, porque as coisas vão tão rápido. Então, para um artista, mais vale tu trabalhares para que tenhas sempre uma imagem muito forte e para que possas ser influente. Tu podes ditar regras, não segui-las. É uma coisa que eu faço ao longo da minha carreira e tem estado a funcionar. Não é ter pressa. Faz o trabalho bem feito, respeita o processo e mantém-te focado com a disciplina, que as coisas funcionam.

RR: A tua música é uma fusão de diversos estilos. Essa fusão é uma das tuas características?

C4: Eu não penso antes de criar uma música: ‘Preciso fazer agora um afrobeat‘. Não. Simplesmente, dependendo do meu mood, eu começo a criar. Se eu estiver feliz, vou fazer música que fale sobre felicidade. Hoje, a minha forma de compor é muito diferente. Há coisas que nem valem a pena ensinar a uma pessoa. Mas eu já passei por aquela fase de tentar explicar a muita gente qual é a fórmula disto e qual é a fórmula daquilo. Mas há coisas que tu só vais aprender quando chegar o momento de tu perceberes. Então, eu hoje vou vivendo a minha vida de forma muito leve e percebo porque é que em algumas fases da minha vida eu fui chocando com algumas pessoas também.

RR: Achas que isso também se chama maturidade?

C4: É. As pessoas não têm noção do que esta palavra significa. Idade é mesmo uma coisa do ‘caraças’.

RR: A tua música também acaba por celebrar a tua grande história…

C4: As pessoas dizem que eu tenho 25 anos de carreira. Como é que tu contas isso?
A primeira música que eu gravei? Não. Isso não são anos de carreira. É a partir do momento que tu começas a comercializar. Isso foi em 2007. Então isto aqui faz de mim um artista que tem 18 anos de carreira. Eu começo a minha carreira quando a minha primeira filha nasce, ela vai completar também este ano 18 anos de idade. Então este é um ano especial, eu prometi a ela e prometi a mim mesmo que eu vou fazer valer a pena este ano e já está a valer.

RR: Uma das coisas que nós também recebemos de ti este ano foi esta música, ‘Sem querer’. Que música é esta?

C4: Quando tu dizes ‘sem querer’, quando tu dizes esta frase, quase que anulas tudo. Imagina que alguém está chateado contigo e diz, ‘Foi sem querer. Eu fiz sem querer.’ Isso é muito poderoso. A ideia é, faz o que te apetecer, aqui ninguém julga ninguém. E se alguém te apanhar a fazer coisas que não devias, coloca tudo naquele dossiê que é do ‘sem querer, sem querer, sem querer’. Então esta música é mais para viver. Não julgues ninguém. Todo mundo tem alma também, todo mundo tem telhados de vidro.

RR: Tu vais dar, em julho, em Lisboa, um show que se chama ‘Nostalgia’. A palavra quer dizer que vai haver aqui um recordar de toda a tua carreira?

C4: Todos os grandes clássicos que o público português consumiu durante estes últimos 10 anos. São várias as músicas que, só de estar a cantar em alguns palcos e nos programas televisivos, as pessoas ficam naquela ‘Quando é que voltas mesmo?’. Bem, é dia 18 de junho, que vou celebrar 18 anos de carreira. Então vai ser algo brutal. Já começamos a informar que branco é obrigatório por causa dos efeitos e da fotografia, que fica muito mais bonito. Tem que ser muito marcante. O Coliseu foi o único palco que me fez chorar.

RR: É bom reviver memórias?

C4: É. Às vezes nós pensamos que queremos voltar a ter certas pessoas, porque queremos reviver certos momentos… Momentos, eles não voltam.

RR: Às vezes é melhor não repeti-los?

C4: Exatamente. Às vezes deixa como está, em gavetas muito preciosas. Deixa como está e continua a criar momentos. A vida é feita de vários momentos.

RR: A tua paixão pela arte também será sempre um bom e grande momento?

C4: Sempre. Eterno momento.

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