Petrônio Gontijo fala sobre as descobertas ao longo de 30 anos de carreira
Da infância no teatro às grandes produções da TV RECORD, ator reflete sobre fé, arte e personagens marcantes
Palco Record|Do R7
Depois de mais de três décadas dedicadas à interpretação, Petrônio Gontijo continua a definir o palco como o seu lugar de eleição. Desde os dois anos de idade, quando interpretou o Menino Jesus numa peça escolar, até às grandes produções da televisão e do cinema, o ator construiu uma trajetória marcada pela entrega, pela fé e pela busca de personagens verdadeiros. Em entrevista ao ‘Palco’, ele revisita as experiências que moldaram a sua arte e a sua espiritualidade.
O início de uma vocação
Desde criança, o palco exerceu sobre Petrônio um fascínio especial. “O palco não é apenas um espaço físico. É uma referência de vida”, recorda. A primeira experiência teatral foi também o primeiro encontro com a emoção de representar — algo que o acompanharia para sempre. Aos 17 anos, ingressou no curso de artes cênicas e consolidou a escolha profissional. “Aprendi a ouvir, a esperar, a criar silêncio”, afirma sobre o processo formativo.
O ator vê o teatro como uma escola que o ensinou a respeitar o tempo de cada personagem e a compreender a dimensão humana por trás das falas. Foi ali que descobriu os timbres, os ritmos e o corpo como instrumento de criação.
Televisão: um novo aprendizado
A transição para a televisão ocorreu em 1991, quando o diretor Luís Fernando Carvalho o convidou para um especial de fim de ano e, em seguida, para a novela ‘Salomé’. O desafio foi intenso: decorar dezenas de cenas por dia e adaptar-se ao ritmo veloz da teledramaturgia.
“Não tinha know-how, foi um aprender na marra”, confessa. Com o apoio de colegas como Patrícia Pillar, foi encontrando o equilíbrio entre a técnica teatral e as exigências do audiovisual.
"A televisão exigiu outro corpo de trabalho: câmeras, luzes, cortes. Mas abriu possibilidades incríveis de alcance e diversidade."
TV RECORD: 25 anos de casa e confiança
Com mais de 25 anos de história na TV RECORD, Petrônio Gontijo reconhece a emissora como uma verdadeira casa. Ali interpretou personagens de todos os gêneros, das comédias românticas aos dramas bíblicos.
"Cada papel acrescentou algo à minha vida pessoal e profissional. Alguns tocaram-me profundamente e ainda hoje me ensinam."
Entre as interpretações mais marcantes, estão Pedro, Davi e Arão, este último em ‘Os Dez Mandamentos’. Sobre o papel, o ator reflete:
"A fé do Arão é a minha fé. Não consigo separar o personagem da minha própria crença."
No cinema: o desafio de ser Edir Macedo
Um dos momentos mais intensos da carreira foi o filme ‘Nada a Perder’, no qual deu vida ao bispo Edir Macedo.
"No início, pensei que não saberia fazer. A tentação de imitar era grande, mas isso seria superficial."
A preparação envolveu um trabalho técnico e espiritual profundo. Petrônio ouviu durante semanas gravações com a voz do bispo, observando gestos e cadência.
"Foi uma osmose. Tinha de trazê-lo para dentro de mim sem reduzi-lo a uma imitação. Busquei o que se passava no coração dele."
Portugal e o projeto ‘Descobridores do Amor’
Mais recentemente, o ator integrou a peça ‘Descobridores do Amor’, apresentada em Portugal e em outras cidades lusófonas. O espetáculo reuniu artistas de Brasil, Portugal, Angola e Moçambique, e representou um reencontro afetivo com a língua portuguesa.
"Trabalhar Camões com sotaque brasileiro foi libertador. O João, que me convidou, queria esse encontro entre sotaques. A pluralidade da língua é uma forma de amor."
Para o ator, o projeto revelou a riqueza cultural e linguística que une os países de expressão portuguesa.
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